Porto Alegre será a primeira cidade do Brasil a padronizar o tratamento a pacientes com câncer de mama e de próstata
O anúncio do projeto piloto, em Porto Alegre, com as Guias de padronização do manejo do tratamento de pacientes com câncer de mama e de próstata, feito pela presidente do Conselho de Administração do Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), Dra. Maira Caleffi, durante painel que abordou “O Presente e o Futuro da Oncologia no Brasil”, encheu a plateia de entusiasmo. Ao dirigir-se ao prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, presente no debate, a Dra. Maira Caleffi, mastologista, ressaltou a importância da parceria entre o IGCC e a prefeitura da Capital. “É fundamental este trabalho em conjunto com a gestão pública”. A Dra. Maira aproveitou a oportunidade para pleitear a criação de um fórum permanente na secretaria municipal da saúde e teve o pedido atendido pelo chefe do Executivo Municipal, que propôs incluir esta temática em uma das reuniões no Paço. “A parceria é o nosso DNA”, afirmou Melo.
A presidente do Conselho de Administração do IGCC também salientou que “precisamos do endosso da prefeitura, através dos centros de câncer em Porto Alegre, para que estes centros recomendem o uso das Guias de padronização do tratamento”. A médica destacou que, após fazer o projeto piloto em Porto Alegre, a ideia é estendê-lo ao resto do Brasil e, em uma segunda etapa, criar Guias também para padronização do tratamento aos pacientes com câncer de colo do útero, pulmão e melanoma. A Dra. Maira lembrou que “os médicos nem sempre precisam concordar, mas sim ver o que é melhor para o paciente”.
O evento, que teve a parceria do City Cancer Challenge Foundation (C/Can) e apoio da American Society of Clinical Oncology (ASCO), contou ainda com a participação da diretora regional para América Latina do C/Can, Dra. Maria Fernanda Navarro, da vice-presidente executiva e diretora médica da ASCO, Dra. Julie Gralow, do líder técnico global do C/Can, Dr. Rolando Camacho, do chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio a Organização de Rede no Instituto Nacional de Câncer, Dr. Arn Migowski.
Em sua primeira visita a Porto Alegre, a Dra. Julie Gralow disse estar orgulhosa da cidade. “Observei todas as pessoas trabalharem arduamente em prol das pacientes. Dá orgulho em ver todo este esforço”. A médica também saudou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha colocado o câncer na agenda global e salientou a importância de que sejam adotados três pilares para a prevenção e/ou tratamento da doença. De acordo com a médica, a primeira ação deve ser promover a educação sobre o câncer de mama, ter uma atenção primária, treinar a comunidade para fazer o autoexame. A seguir, vem a necessidade do diagnóstico precoce. Assim que a mulher entra no sistema, ela tem o período máximo de 60 dias para ter o diagnóstico, pois a Lei 12.732/12 garante ao paciente com alguns tipos de câncer o direito de iniciar o tratamento no SUS. E a terceira etapa prevê que 80% das pacientes recebam um cuidado multidisciplinar, ou seja, tenham um corpo clínico completo para fazer o acompanhamento.
Já o chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio a Organização de Rede no Instituto Nacional de Câncer, Dr. Arn Migowski, apresentou dados que sustentam que a desigualdade social interfere diretamente no acesso aos exames. “Quanto mais pobre a população, menor a taxa de rastreamento”, afirmou. Segundo dados do INCA, em 2019, 24,2% das mulheres entre 50 e 69 anos nunca fizeram qualquer tipo de exame para detecção do câncer de mama. A diretora regional para América Latina do C/Can, Dra. Maria Fernanda Navarro, enfatizou que as parcerias, inclusive as que envolvem a gestão pública, realmente funcionam. “Iniciamos nosso trabalho em Porto Alegre, em 2019, e estamos com muito orgulho das conquistas da cidade”. Para o líder técnico global do C/Can, Dr. Rolando Camacho, é um grande desafio se tornar “uma cidade C/Can”, e Porto Alegre conseguiu isso. Dr. Camacho afirmou a necessidade de se ter os estágios precoces para o tratamento. “Não podemos fazer diagnóstico precoce sem a assistência primária”.
Fonte: Dixon Comunicação