No tempo dos bondes
No dia 8 de março de 1970 chegava ao fim a epopéia dos bondes em Porto Alegre. Uma história iniciada em 1872 com a Cia. Carris Porto-Alegrense, a primeira empresa de transporte urbano do Brasil.

Inicialmente os carros eram puxados por mulas, e eram chamados de maxambombas.  Uma pequena viagem , da atual Praça Argentina, no centro, até a igreja do Menino Deus podia levar horas. Somente no dia 10 de março de 1908 é que são inaugurados as primeiras linhas de bondes elétricos, que percorriam os bairros Partenon, Glória, Teresópolis e Menino Deus. Até 1920, circulavam bondes de dois andares, de nome Imperiais, mas que a população apelidou de “Chopp Duplo”.

Para que se tenha ideia da importância dos bondes na movimentação de pessoas pela cidade, dados de 1961 dão conta que naquele ano foram transportados 89 milhões de passageiros pelos 103 bondes disponíveis.

Tem muita gente ainda saudosa dos bondes e outros tantos que lembram que, em vários países do mundo, os bondes foram modernizados e continuam operando.

Ameaçado pelo fogo!
O Mercado Público de Porto Alegre, inaugurado em 3 de outubro de 1869, sofreu quatro incêndios em sua história. O primeiro ocorreu em 1912, quando ainda estava sendo construído o segundo andar do prédio, e acabou destruindo todos os chalés da área interna. O segundo e o terceiro incêndios ocorreram, curiosamente, no inicio e no fim do mandato do prefeito Telmo Thompson Flores, nos anos de 1976 e 1979. Se por causa disso ou não, o então prefeito pensou em demolir o prédio para fazer passar a continuação da Rua Siqueira Campos. Em virtude da forte pressão popular, o Mercado não apenas não foi demolido como foi considerado patrimônio histórico da cidade e tombado por lei municipal em 12 de dezembro de 1979.

O quarto e ultimo incêndio aconteceu em 6 de julho de 2013 e atingiu boa parte das lojas do lado oeste do segundo andar. Passados sete anos, o prédio ainda não foi totalmente recuperado e entregue à população de Porto Alegre.

 Um hotel majestoso…
O edifício portentoso onde está localizada a Casa de Cultura Mario Quintana foi construído entre os anos de 1916 e 1933 para abrigar o Hotel Majestic. Um projeto do arquiteto alemão Theodor Wiederspahn.

Com seu esplendor nos 1930/40, o hotel recebia artistas de todo mundo, que passavam por Porto Alegre com suas companhias de teatro e dança, e também políticos poderosos, como o então presidente Getúlio Vargas.

O poeta maior dos gaúchos, Mario Quintana, morou em um dos seus quartos entre 1969 e 1980, ano em que o prédio foi comprado pelo Banrisul, que o vendeu ao Estado, dois anos depois, para transformá-lo numa Casa de Cultura.

… e um grande hotel!
Construído na mesma época do Majestic, na mesma Rua dos Andradas, o Grande Hotel ficava na esquina com a Rua Caldas Jr., onde hoje está o Shopping Rua da Praia. Foi o melhor dos 22 hotéis que Porto Alegre possuía até meados do século passado. Em 1956, o prédio foi vendido para o GBOEX e rebatizado como Edifício General Mallet. No ano seguinte, o hotel encerrava suas atividades.

Nos seus anos de glória, hospedou políticos poderosos, artistas famosos e grandes empresários. Suas dependências serviam de sede informal de partidos políticos e testemunharam muitas negociações, que mudaram a história do Estado,  como as primeiras tratativas para um acordo de paz, que colocaria um fim na Revolução de 1923 e as primeiras reuniões que desembocaram no plano de Getulio Vargas assumir o poder federal, em 1930.

O Grande Hotel era o mais vistoso símbolo da “Belle Époque” porto-alegrense, uma época de glamour do centro da cidade, com seus cafés, restaurantes,  cinemas, lojas finas e o lendário “footing” da Rua da Praia.

Em 13 de maio de 1967, um incêndio iniciado no 5º andar, acabaria com a história o imponente prédio, que abrigava lojas e escritórios os mais diversos. Entre os inquilinos no Mallet gente famosa à época, como o jornalista e vereador Alberto André, o político João Brusa Neto e o colunista esportivo Cid Pinheiro Cabral (pai do já falecido jornalista Cláudio Cabral).

 

 

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