Exposição Entre Lugares, de Pamela Zorn, na Fundação Força e Luz
A terceira mostra da programação 2021 da instituição é Entre Lugares, de Pamela Zorn.
Com uma atmosfera que evidencia a potência e sensibilidade latente da artista visual e arte-educadora, Entre Lugares convida a olhar para si e para o outro em um reflexo de espelho. Como o texto de apresentação da mostra descreve “Entre Lugares é uma indagação”. Um estudo sobre sua própria identidade, memória, e as linhas tênues entre o que estabelecemos, carregamos e o imposto a nós.
Natural de Três Coroas, interior do Rio Grande do Sul, filha de mãe descendente de alemães e pai negro, Pâmela teve seu primeiro contato com a pintura – técnica principal de seu trabalho – através de sua avó, que é artesã. O elemento pictórico veio a se tornar uma ferramenta de investigação da realidade, ao mudar-se para Porto Alegre, com o objetivo de cursar Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A pesquisa para Entre Lugares iniciou de um autorretrato em sangue menstrual feito para a mostra coletiva “Artistas Mulheres: Tensões e Reminiscências”, na Pinacoteca Ruben Berta. “Comecei a me questionar sobre identidade, como mulher negra de pele clara, filha de uma relação interracial”, explica.
A noção de pertencimento é provoacada tanto na autorrepresentação para discutir acerca do lugar do corpo mestiço/negro de pele clara no contexto social, como nas técnicas manipuladas pela artista: fotografia, desenho, e escrita subjetiva. “Também utilizei a leitura como inspiração, o livro Tornar-se Negro, de Neusa Santos Souza, é uma referência, e o Olho mais Azul, de Toni Morisson, é homenageado na obra principal dessa mostra, um políptico denominado “Esse solo é ruim para certos tipos de flores”, ressalta.
Os caminhos de Zorn encontram os de Daniele Barbosa, pesquisadora, graduanda em História da Arte e curadora da exposição, por entre os espaços da UFRGS. “Quando me deparei pela primeira vez com o trabalho dela, fiquei impactada com a qualidade técnica. E o fato de falar sobre toda a questão da miscigenação no Brasil é algo que me atravessa profundamente”, destaca.
É notável o peso social que as investigações da artista trazem à tona. Elas também serão compartilhadas com o público através de ações como a oficina de pintura coletiva, cujos trabalhos resultantes serão anexados à obra principal, e áudios enviados pelo público, que ecoarão em um dos ambientes da mostra. “Pretendo com essa exposição trazer perguntas e não respostas. Mas, o que posso dizer que aprendi foi que investigar a mim e ao coletivo modificou meu olhar sobre mim mesma”, finaliza.
Abertura e visitação
A mostra fica aberta à visitação de 03/08 a 04/09, de terças a sextas das 10h às 19h, e aos sábados das 11h às 18h. Para visitas mediadas, com a própria artista e curadora, é necessário a inscrição no formulário disponibilizado na bio do mesmo Instagram da instituição @cccev_cultura.