Novo livro de Everton Behenck reconstrói o amor romântico em plena crise do masculino
O poeta Everton Behenck lança o livro “Nada mais maldito que um amor bonito”, pela Bertrand Brasil, no dia 9 de novembro, às 19h30. O lançamento ocorre dentro da programação da 65ª Feira do Livro de Porto Alegre, com Fabrício Carpinejar e Carlos Nejar.
Conhecido por seu lirismo, Everton é autor também de Os dentes da Delicadeza (2010). Sua nova obra é um livro de poemas que, juntos, contam uma história de amor. Com todas as suas alegrias e tragédias. No início, o autor nos apresenta a grandeza de um sentimento que chega sem avisar e transforma tudo. A nós e ao mundo. Durante a leitura, acompanhamos sua mudança de perspectiva sobre a complexidade e a profundidade desse sentimento.
“O amor pode não dar certo mas só ele pode nos dar tudo”, o último verso do livro, pode ser considerado também uma espécie de tese da obra, que traz a ideia de que o amor é maior que o ser amado. Que pessoas vêm e vão e histórias vêm e vão. Mas que a vontade do amor fica. Mesmo quando a beleza dos acertos cede lugar à perplexidade, na medida em que Everton expõe as densas camadas de um coração ferido e apaixonado. O livro ainda conta com orelhas de Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar e apresentação da poeta carioca Maria Rezende.
No fim o que temos é uma nova visão para o sentimento mais antigo do mundo. Uma nova construção do amor romântico saído direto das ruínas da crise que atinge o homem moderno. Um amor intenso mas que não objetifica a amada. Que sofre sem ser violento. Que se dilacera mas aceita o fim. Intenso mas sem posse. O amor entregue no livro assimila empatia e respeito pelo outro. O outro vai. Mas o amor fica, ainda, como a grande causa. O grande motor da existência.
“Nada mais maldito que um amor bonito”, por Fabrício Carpinejar
Estava com saudade de um autor que sofresse por amor, capaz de ir ao fundo do poço e depois se levantar com o balde de lágrimas, que fosse determinado a ponto de não se intimidar com o inesperado das pessoas, que não se armasse de desculpas para evitar a imprudência de querer conhecer o outro mais do que a si, que amasse até ficar bêbado, até ficar sóbrio de novo, que conversasse com os garçons de sua dor de cotovelo, que suasse frio, que corresse atrás do perdão, que não temesse romances bandidos, que beijasse a sarjeta e a lona, que rompesse com o policiamento correto, que fosse masculino frágil, decidido a arriscar tudo em um lance de olhos. Se você já perdeu alguém, leia o livro. Se já reconquistou alguém, recite o livro. Se já enlouqueceu por alguém, memorize o livro.
Everton é Bukowski, é Leminski, é Cacaso, mas, acima de tudo, é ele mesmo. Everton é porrada e suspiro. É tempestade violenta e sol devagar. É veneno e antídoto. É encontro e perdição. Faz cada inflexão, giro, metáfora, inversão de raciocínio, que não pensaremos mais a nossa vida amorosa como antes. Desculpe, não sentiremos mais a nossa vida como antes.
“Nada mais maldito que um amor bonito”, por Martha Medeiros
Eu estava preparada para Everton Behenck e não estava. Sabia que era escritor e que a poesia rondava seu corpanzil (ele é o oposto do poeta tísico e esfomeado). O que eu não sabia é que alma do Everton é mais gigante que ele próprio, e que também é faminta.
Esse livro desmascara o amor no que ele tem de ambíguo. No início, conhecemos a grandeza de um sentimento que chega sem avisar (todo amor chega sem avisar) e nos transforma em outra pessoa: quem não acredita em Deus, passa a ter fé; quem é fatalista, passa a confiar no infinito. Os pés levitam do chão e nos entregamos ao sobrenatural.
O amor e seus passes de mágica.
Sobre o autor
Everton Behenck é poeta, redator e músico. Nasceu em Porto Alegre em 1979. Lançou seu primeiro livro de poemas, Os dentes da Delicadeza, em 2010 pela Não Editora. Participou de diversas antologias, revistas literárias e foi Revelação Literária na Feira no Sexto Palco Habitasul. Mora em São Paulo e é diretor de criação da agência Africa onde cria os comerciais do banco Itaú. Escrevendo também os filmes de final de ano do banco com a participação de Fernanda Montenegro que tem um grande alcance em todo o Brasil. Sendo que no último ano ele próprio foi escolhido para fazer a locução do filme dando um caráter mais autoral para a peça publicitária.