Arquitetura inspirada nos ranchos norte-americanos em meat house gaúcha
Foi inspirado nos ranchos norte-americanos e no conceito de upcycling que o escritório de arquitetura Estúdio Griffante transformou o casarão da Dinarte Ribeiro, nº 141, no bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre, no restaurante de estilo rústico industrial Rancho 141. A proposta de ambientação foi ditada pelo carro-chefe do cardápio, o american barbecue. Assinada pela arquiteta Marina Griffante, a reforma também priorizou a combinação de espaços abertos, integração com a natureza, clima descontraído, mesas coletivas, além de espaços aconchegantes e muito conforto, visando a longa permanência dos clientes.
Através do reaproveitamento de resíduos de maior qualidade provenientes da obra surgiram peças decorativas e elementos arquitetônicos, utilizados na construção da lareira, da parrilla e fogo de chão. Este processo – conhecido como upcycling – propõe a reutilização criativa com valor agregado e resultou em um dos diferenciais que dão todo o charme ao local. Todas as persianas já existentes foram retiradas e ganharam nova função, servindo como decor do lounge. Já os tampos das mesas são oriundos de madeira de obra e também de parte do deck que foi removido. E os pendentes, que hoje já podem ser considerados marca registrada do restaurante, são baldes de leite de ferro enferrujados.
“Foi, sem dúvida, um grande e recompensador desafio trabalhar nesse empreendimento. Tanto pelas exigências sanitárias, de fluxos e equipamentos do restaurante, como também pela dimensão do espaço”, conta a arquiteta. Nos 400m² de área, a base para o projeto foi permitir que os “rancheiros” (como o restaurante chama carinhosamente seus clientes) pudessem ser remetidos a um clima de fazenda ou de casa de campo. Assim, no meio do badalado bairro Moinhos de Vento, este meat house é um refúgio intimista e aconchegante, ideal para quem quer degustar o cardápio sem pressa, seja no almoço ou no jantar. O próprio método de preparação das carnes segue a linha “Low & Slow”, assadas e defumadas de forma lenta e em baixa temperatura, o que faz com que fiquem mais macias e saborosas.
Para completar a experiência visual, em uma das paredes da área externa a pintura de um grande cocar indígena assinado pela artista Rejane Trein chama atenção e compõe um dos tantos espaços “instagramáveis” do restaurante. Além disso, a identidade visual do empreendimento foi reproduzida em forma de carimbo em algumas mesas e paredes, incorporando a marca ao conceito rústico.
“As escolhas de mobiliário também seguiram as orientações de conforto e materialidade. Priorizamos a madeira e o ferro enferrujado”, explica Marina. O tom escuro que prevalece nos móveis foi contrastado com o verde do paisagismo e as cores branco e cinza na pintura das paredes internas e na fachada do imóvel. No salão interno, a arquiteta optou por descascar as paredes e deixar à mostra um pouco da história do lugar, como camadas de pinturas anteriores e tijolos à vista.