Ansiedade escolar: psiquiatra explica como identificar sintomas e ajudar crianças no retorno às aulas

Com o fim das férias escolares, o início de um novo ano letivo traz uma mistura de expectativas e desafios para muitas crianças e adolescentes. Embora para alguns esse seja um momento empolgante, para outros, as incertezas podem desencadear sintomas de ansiedade. Segundo Mariana Uebel, PhD em Psiquiatria e membro da equipe de especialistas da VS Clinic, clínica médica multidisciplinar do Dr. Victor Sorrentino, é importante que pais e responsáveis fiquem atentos aos sinais e saibam como apoiar os pequenos nessa transição.
“Sabemos que as crianças não têm tanta facilidade de expressar verbalmente as suas emoções e aquilo que elas sentem. Então, muitas vezes, se expressam através do corpo. Por isso, a ansiedade pode se manifestar de diversas formas, com sintomas físicos como náusea, vômito, diarreia ou distúrbios do sono. Além disso, medos excessivos, baixa no rendimento escolar e recusa de executar atividades antes realizadas também são sinais importantes“, explica Mariana.
A especialista destaca que crianças que mudam de escola ou que já têm uma predisposição à ansiedade, como no caso de transtornos como TOC ou ansiedade de separação, podem ser mais vulneráveis. Se não tratada, a ansiedade escolar pode impactar o desempenho acadêmico, prejudicar a autoestima e até desencadear problemas emocionais de longo prazo, como depressão. Para lidar com essas situações, Mariana sugere estratégias simples, como visitar a escola antes do início das aulas, conhecer os professores, apresentar um colega que pode ser seu ‘melhor amiguinho’ e introduzir as rotinas da sala de aula, criando uma rotina de adaptação.
“Quando a criança superar os desafios, elogie. Validar os sentimentos e criar um ambiente de segurança emocional é fundamental”, aconselha. “O cérebro da criança gosta de previsibilidade. Então, falar com ela e repetir várias vezes o que vai acontecer ao longo do dia, valorizando os momentos em que ela estará na escola, motivando-a de forma positiva e também os momentos depois, quando se reencontrará com os pais. Além disso, os pais podem contar histórias que aconteceram com eles, de vulnerabilidade, histórias em que superaram o desafio ou histórias similares de personagens que ela gosta. O que aumenta a resiliência é ter alguém ao nosso lado. Então, os pais podem dar um bilhetinho, um amuleto, uma música para ela cantar enquanto está com saudade, mostrando que sim, os pais estarão presentes, mas de outra forma“, recomenda.
Nos casos em que a ansiedade persiste e interfere no dia a dia, Mariana afirma que buscar ajuda de um profissional de saúde mental é essencial. “Um psiquiatra pode ajudar a entender a origem da ansiedade e propor um tratamento adequado, considerando a intensidade dos sintomas e a idade da criança“, acrescenta.
Por fim, a médica lembra aos pais a importância de administrar suas próprias emoções: “As crianças percebem quando estamos nervosos. Estar calmo e disponível é o primeiro passo para ajudá-las a enfrentar esse novo desafio com confiança”, afirma. “Muitas vezes, o que elas mais precisam é de validação. Ajudá-las a fazer planos para lidar com qualquer coisa específica com a qual estejam preocupadas, antecipando os desafios e bolando juntos como resolver os problemas. O principal é colocar-se no lugar da criança, lembrar dos seus primeiros dias de aula, sem desmerecer o que ela está sentindo, ao mesmo tempo em que serve de porto seguro e encoraja o novo desafio que vem pela frente”, finaliza a especialista.
Fonte: @azpressbrasil
Dra. Mariana Uebel – Crédito: Eduardo Carneiro