Prestes a registrar o seu recorde de 12 horas e um minuto de embaixadinhas com a certificadora internacional, a gaúcha Lara Schüller sonha em viver do esporte. Ao longo da jornada para alcançar o objetivo, a atleta de 24 anos, moradora de Taquara, vendeu rifas e trabalhou como doméstica e artista de rua para pagar as passagens; manter os treinos em Porto Alegre e arrecadar dinheiro para seguir no processo de homologação do seu feito. A comemoração da chancela aconteceu no dia 3 de dezembro, na Federação Gaúcha de Futebol

A história de Lara no esporte inicia aos nove anos, quando começou a jogar futebol. Como não havia crianças da mesma idade próximas a sua casa para praticar o esporte, ela fazia embaixadinhas sozinha. Com 10 anos ingressou na escolinha Genoma Colorado de Taquara – local que teve grande importância na sua formação como atleta. Foram cinco anos treinando na Genoma entre meninos e mais três na Escolinha de Futebol Feminino do Grêmio, onde permaneceu até 2013.

Entre suas inspirações estão as jogadoras Marta e Formiga, além dos jogadores da dupla Gre-Nal, D’Alessandro e Geromel. Com poucas mulheres atuantes no segmento da maratona de embaixadinhas, umas das atletas que inspiram Lara é Milene Domingues.

Sobre o preconceito no esporte, a atleta revela: “Quando jogava futebol com os meninos percebia que realmente existia muito preconceito por eu ser uma menina. Os meninos dificilmente me passavam a bola. Já com as embaixadinhas vejo que acontece de forma diferente, as pessoas reagem apenas com surpresa e não com discriminação. Por outro lado, infelizmente, sinto que algumas pessoas não entendem que o esporte pode ser encarado como um trabalho também”.

Sempre em busca do sonho de alcançar o recorde, a primeira vez que fez 12 horas de embaixadinhas foi em 2011. De lá para cá, realizou o mesmo tempo em três oportunidades. A última de maneira oficial, seguindo todos os requisitos da certificadora internacional. Tendo já quebrado o recorde de embaixadinhas em treinamento muitas outras vezes, fazendo 10h de treino com a bola nos pés.

Em 2017, com o auxílio da preparadora física do Inter Feminino, Suellen Ramos, montou uma equipe multidisciplinar para se preparar para o recorde. O grupo contava com Suellen como preparadora física, a nutricionista Luiza La Porta; a psicóloga Rosiane de Andrade; o fisioterapeuta Jerry Fabiano Ribeiro; o apoio da Ultra Treinamento Funcional e projeto de Anna Fernandes. “O auxílio destes profissionais foi muito importante para que eu pudesse alcançar meu objetivo”, conta.

Foram meses de muito treinamento e dedicação. Houve semanas que realizou um total de 21 horas de embaixadinhas. Até que o grande dia chegou: em 24 de maio de 2018, na sede da Federação Gaúcha de Futebol, Lara conseguiu quebrar o recorde cumprindo todas as exigências da certificadora internacional como filmagem, cronometristas e testemunhas.

Após a realização do sonho do recorde registrado, Lara tem a expectativa de que as portas se abram para que possa viver do esporte. Ao longo dos 15 anos fazendo embaixadinhas, já participou de diversos eventos em empresas pelo Brasil e se apresentou em jogos da dupla Gre-Nal.

 “Meus planos para o futuro são voltar a cursar Educação Física e seguir superando meus limites, buscando novas metas no esporte. A dica que eu dou para quem quer alcançar qualquer objetivo é ser determinado. Apesar das dificuldades, jamais desistir, pois as coisas não acontecem do dia para noite. Às vezes demora, mas quando é para ser, não tem o que impeça”, completa.

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