Avanço da dengue no Sul do Brasil evidencia importância de medidas de prevenção

A dengue continua sendo uma preocupação relevante para a saúde no Brasil. A proliferação do mosquito Aedes aegypti tem sido favorecida por diversos fatores, como as mudanças climáticas e a ocorrência de ondas de calor. Segundo o relatório global The Lancet Countdown, devido ao aquecimento global, a arbovirose tem probabilidade de aumentar em até 37% seu potencial de transmissão no mundo inteiro. Estados como Paraná e Rio Grande do Sul têm registrado aumento nas notificações, especialmente em áreas afetadas por enchentes, que dificultam o controle dos focos do mosquito e criam condições ideais para a proliferação do vetor.

De acordo com o 4º Informe Semanal de 2025 do Ministério da Saúde, a região Sul apresenta um dos maiores coeficientes de incidência de dengue do país, somando mais de 106 mil casos prováveis da doença. Entre os estados, o Paraná ocupa a terceira posição nacional, com mais de 84 mil notificações no primeiro semestre, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses. O Rio Grande do Sul aparece em nono lugar, com cerca de 32 mil casos, e Santa Catarina em décimo primeiro, com mais de 15 mil registros. 

Diante desse cenário, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, emitiu um alerta epidemiológico sobre a circulação dos vírus da dengue, recomendando o reforço das ações de vigilância nos serviços de saúde. No Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) também emitiu um alerta específico para a dengue no início do ano, destacando a circulação do sorotipo 3 (DENV-3) e a necessidade de intensificar os cuidados preventivos.

Identificação da dengue e sintomas 
Para identificar casos de dengue, tanto leves quanto graves, é essencial estar atento aos sintomas. Sinais de alerta incluem vômitos frequentes, dor abdominal intensa e contínua, desmaios, desconforto respiratório, sonolência ou irritabilidade excessiva (em crianças pequenas), hipotermia, sangramento de mucosas (gengiva, nariz, boca, urina e fezes), além de diminuição da urina. “Nesses casos, é fundamental procurar atendimento médico com urgência, para receber o manejo adequado”, explica a infectologista da Hapvida, Mickaela Fischer. 

Apesar de os sintomas da dengue estarem bem estabelecidos, a doença pode ser facilmente confundida com outras viroses comuns, como a gripe ou até mesmo a covid-19. Por isso, um sinal que chama a atenção é a febre alta acompanhada de dor atrás dos olhos, sem associação obrigatória com outros sintomas respiratórios, como nariz escorrendo ou entupido, tosse ou falta de ar. 

Mickaela reforça que estamos enfrentando uma epidemia de dengue. No entanto, para ter um diagnóstico preciso, é necessário realizar testes específicos.

A médica reforça, ainda, que pessoas que já tiveram a arbovirose podem ser reinfectadas. “A patologia é causada por quatro sorotipos diferentes de vírus. Ao contrair um deles, a pessoa adquire imunidade permanente para aquele tipo específico, mas continua suscetível aos outros três. Isso aumenta as chances de desenvolver uma forma mais grave da doença, conhecida como dengue hemorrágica”, alerta.

Prevenção e teleconsulta para casos leves ou suspeitas de dengue 
A dengue é uma arbovirose, termo que depende de um vetor. Neste caso, o mosquito. Portanto, todas as condições que favorecem a proliferação do Aedes aegypti aumentam a circulação do vírus. Locais com acúmulo de água parada, como vasos, piscinas, caixas d’água e calhas, representam um risco elevado. Para se precaver, é recomendado tampar ralos e limpar calhas com frequência, tratar piscinas, colocar terra nos pratinhos de vaso e até mesmo redobrar atenção para as plantas que podem acumular água. Além disso, repelentes, telas nas janelas, roupas com mangas e calças compridas reduzem drasticamente o risco de infecção, segundo a infectologista. 

Dessa forma, conhecer os sintomas da dengue e a identificação, tanto em suas formas leves quanto graves, tornou-se parte importante da rotina em meio à epidemia, independentemente da região. Nesse cenário, a prevenção por meio do combate ao mosquito e a vacinação são as estratégias mais eficazes no enfrentamento da doença. 

Em casos mais leves, o paciente pode recorrer a uma avaliação inicial por meio de teleconsulta. A avaliação traz comodidade e praticidade sem a necessidade de deslocamento. De acordo com as particularidades do quadro clínico, o manejo será orientado pelo médico responsável.

Fonte: Martha Becker Connections
Mosquito da dengue – Freepik

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