Bea Balen Susin retrata Mata Atlântica em painel de 16 m de largura na Ocre Galeria

Um painel de 16 metros de largura (o equivalente a uma vez e meia a boca do palco do Theatro São Pedro), por 1m80 de altura, impressiona pelo tamanho e, sobretudo, pela exuberância da pintura que contém. A obra monumental retrata a vegetação da Mata Atlântica e integra a exposição “Quando o corpo toca a terra”, da artista visual Bea Balen Susin. Com curadoria da crítica e historiadora da arte Paula Ramos, a mostra será aberta sábado (1º/11), das 11h às 14h, na Ocre Galeria.

O painel é composto por 20 telas de 0,80 m de largura (e 1m80 de altura), montadas lado a lado numa grande panorâmica. “Habitadas por uma profusão de formas vegetais, em uma paleta vívida e exuberante, as pinturas parecem exibir, progressivamente, um adensamento da experiência, como se fosse possível tatear a superfície das plantas, acompanhar o transporte da seiva, sentir a absorção das raízes, pulsar no ritmo da mata“, comenta a curadora, também professora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA/UFRGS), no texto de apresentação da mostra.

A exposição abriga ainda dez outras obras da artista sobre o tema da natureza. Cinco igualmente inspirados num trecho da Mata Atlântica em Santa Catarina e cinco, em papel, reproduzindo troncos de árvores de outros lugares.

O insight que levou Bea a produzir as telas a óleo do painel revelou-se ao visitar sua filha, que mora no pé da Mata Atlântica na praia do Campeche. “Sempre tive ligação com a natureza. Cheguei lá, sentei-me fora da casa, olhei a paisagem e vi aquela mata imensa. Pensei: ‘Isso daria um quadro enorme’. Fiz mais de 40 fotos e ao retornar para casa comecei a pintar”, conta a reconhecida artista, que em breve fará 79 anos, dos quais mais de 60 dedicados ao ofício que abraçou depois de cursar Belas Artes na Universidade de Passo Fundo.

Doação física e ganho espiritual
A execução do trabalho no ateliê em Porto Alegre ocupou a artista de maio a agosto passado, de manhã e de tarde. Ela só largava o pincel quando a coluna protestava. “Foi uma grande doação do meu corpo, mas espiritualmente representou o começo de muitas coisas. Do ponto de vista mental, me sinto jovem, tanto que quero fazer outros painéis. Não esmoreço, não me entrego. Tenho essa força, não desanimo jamais“, diz.

Ex-professora de Artes da Universidade de Caxias do Sul (UCS) – sua cidade natal -, Bea se define como expressionista. “Sou movida pela emoção. Não planejo antes. Já saio com a tinta. Se desenhasse antes, gastaria a emoção. Adoro desenhar com o pincel, com gesto largo”. A cor é um capítulo à parte na sua atividade. “Pra mim, tudo funciona na base da cor. Tanto em paisagens como em figuras as cores vão entrando e mudando durante o processo de criação. Tenho essa mania de transformar as coisas em cores”.

A exposição coincide com a primeira COP realizada no Brasil. A Mata Atlântica, bioma presente em 17 estados do país, será um dos temas debatidos no maior evento das Nações Unidas sobre as mudanças do clima no planeta, em Belém (PA). O desafio do Brasil é alcançar o desmatamento zero em todos seus biomas até 2030, e a Mata Atlântica, por seu histórico de resistência e recuperação, pode ser o primeiro a atingir a meta. Como pessoa e artista intrinsicamente ligada à natureza, Bea Balen Susin torce – e à sua maneira age – para que isso aconteça e todos possam conviver com a beleza da floresta preservada. 

SERVIÇO
Exposição “Quando o corpo toca a terra”, de Beatriz Balen Susin, com curadoria de Paula Ramos
Local: Ocre Galeria, Avenida Polônia, 495, bairro São Geraldo, Porto Alegre
Abertura: 1º/11, das 11h às 14h
Visitação: de 3 a 29 de novembro. De segunda a sexta, das 10h às 18h e sábado, das 10h às 13h30
Entrada gratuita

Fonte: Assessora
Artista visual Bea Balen Susin
Fotos: Wanderlei Oliveira

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