Criados com técnica e inventividade, autorretratos buscam diálogo com o público
As artistas visuais Liana d’Abreu e Tuchi Niederhageböck abrem sábado (9/11), no Museu de Arte de Porto Alegre, exposição de autorretratos criados com técnica e inventividade. A curadoria da mostra “AUTO retrátil” é de Gustavot Diaz. O período de visitação vai até 6 de dezembro.
“Meu trabalho com autorretrato é uma conversa íntima, um autoconhecimento num processo que vem se desdobrando desde 2013, vivendo um luto tardio, que foi surgindo em trabalhos artísticos, através de retratos misturados com a minha mãe. No processo acabei dissolvendo essa associação e atualmente me retrato numa tentativa de reflexão sobre as minhas fragilidades. A fragmentação está sempre presente na construção dos meus autorretratos, um construir e desconstruir constante”, diz Liana, que também atuou no meio das artes em Brasília, onde morou por 10 anos.
Tuchi, formada pelo IA/UFRGS, conta, por sua vez, que nos últimos tempos perdeu pessoas queridas e os filhos tomaram seu rumo. “A casa que estava sempre cheia de repente ficou vazia. Bateu a ‘síndrome do ninho vazio’, libertadora e ao mesmo tempo opressora e angustiante. As pinturas tentam transmitir a opressão e os desenhos a carvão são alegorias dos sentimentos de angústia. Percebi que meu ninho nunca será vazio, pois é composto de todos os afetos que de alguma forma contribuíram para ser quem sou”.
O curador, que é professor de desenho, artista visual e mestrando em Filosofia da Educação na USP, entende que Liana e Tuchi empreendem “uma busca radical ao abismo de si” na atual fase de suas carreiras, mas observa que não há um “si mesmo” – “esse si é menos próprio do que desejamos. Quando olhamos o abismo da alma ela não nos olha de volta – na tensão da interioridade encontramos redes de afeto, família, amigos, amores, todo o repertório afetivo que, na realidade, nos guia“, reflete Gustavot.
De acordo com o curador, Liana tem a coragem de desfigurar-se em busca de uma expressão mais autêntica de si. “Acompanhei seu empenho na produção de desenhos onde, incansavelmente, a autoimagem era desconstruída para logo aparecer e ser outra vez desarticulada, e assim por diante”. A artista apresenta oito desenhos de 100 x 0,70 cm e duas esculturas de cerâmica, uma de 34 cm e a outra de 26 cm.
Já Tuchi, conforme Gustavot, é bastante meticulosa, sua produção exige horas de empenho técnico e dedicação. “Chama a atenção a densidade conceitual dos trabalhos, abordar os difíceis temas da síndrome do ninho vazio e das implicações da sobre identificação com a própria imagem”. A artista exibe três desenhos de 100 x 0,70 cm, dois painéis (de 2,20 m x 0,80 cm e de 1,30 m x 0,85 cm) e, ainda, uma obra participativa de 2 x 2 m.
Liana e Tuchi tornaram-se colegas e amigas há cerca de 10 anos, no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. De lá para cá, fizeram oficinas, workshops e cursos juntas, entre os quais o de desenho e pintura com Gustavot Diaz.
“Unindo primor técnico e inventividade, Liana e Tuchi compartilham a síntese de um acúmulo que exibe dois procedimentos distintos de trabalho que abrem um diálogo profundo com o público“, avalia o professor e curador.
SERVIÇO
Exposição “AUTO retrátil”
Artistas: Liana d’Abreu e Tuchi Niederhageböck
Curadoria: Gustavot Diaz
Local: Museu de Arte de Porto Alegre (Praça Montevidéu, 10)
Abertura: dia 9/11 (sábado), das 11h às 13h
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Período: até 06/12
Entrada gratuita
Curador Gustavot Diaz, Tuchi e Liana/divulgação
Fonte: ASSESSORA – Comunicação Estratégica