Em Porto Alegre, “Cenários da Regeneração” evidencia força econômica do design regenerativo

No último sábado, 16 de agosto, a Fábrica do Futuro recebeu o “Cenários da Regeneração”, encontro promovido pela PGB Inteligência que colocou o design regenerativo no centro do debate público. Durante um dia de programação contínua, palestras, painéis e a dinâmica “Quebra da Bolha” conectaram inovação, estética e responsabilidade, com foco na viabilidade econômica desse novo paradigma criativo. “O design regenerativo não é apenas uma tendência estética ou uma demanda ética, ele já se apresenta como um novo mercado com oportunidades concretas de crescimento”, afirmou a especialista em moda e arquitetura, fundadora da PGB, Paula Bragagnolo, ao destacar o objetivo do evento de expandir a discussão para além do ambientalismo estrito.

Paula Bragagnolo e Luanna Toniolo

A curadoria, ponto alto do encontro, foi desenhada para que cada conversa fizesse sentido em sequência — um fio condutor que ligou gestão, criação, glocalidade e design afetivo. A intenção, segundo a PGB, foi transformar conteúdo em experiência: menos palco e mais narrativa, menos slogans e mais método. A programação foi construída para que o público não apenas assistisse, mas vivenciasse os temas, em uma jornada que começou com referências nacionais e pesquisas inéditas e desembocou em discussões aplicáveis ao cotidiano de marcas, estúdios e indústrias.

Debates que atravessam gestão, criação e território

A abertura dos debates trouxe Luanna Toniolo, fundadora da TROC, com uma análise direta sobre os caminhos da moda circular no Brasil — da revenda à revalorização de estoque, da logística reversa ao desenho de produto para longevidade.

Nina Leonel, Amanda Ivanov e Samara Audibert
Crédito: William Camargo – Cenarios da Regeneração

O comportamento de consumo está no centro da mudança. Regenerar, além de ser uma escolha ética necessária, é um diferencial competitivo, que guia o porquê e a essência de uma marca. Não há possibilidade de existir sem construir uma comunidade genuinamente alinhada ao que se acredita”, afirmou toniolo ao mostrar que repensar o consumo é urgente e que sem regeneração, não há futuro.

A mesa sobre design afetivo abordou memória, tradição e inovação no contexto de reconstrução do Rio Grande do Sul; a conversa sobre “glocalidades” examinou como experiências locais podem gerar impacto global sem perda de identidade; e o painel de gestão e criação trouxe estratégias realistas para pequenos negócios e profissionais autônomos implementarem práticas regenerativas. 

No meio da tarde, a “Quebra da Bolha”, patrocinada pela empresa de embalagens plásticas Galvanotek, colocou perguntas incômodas — da sustentabilidade do plástico à viabilidade de construções sustentáveis e ao papel dos brechós no consumo — e mudou o tom da sala, tirando os temas do lugar-comum e levando-os à análise técnica.

Para Bragagnolo, há uma virada cultural em curso. “A regeneração será uma das principais lentes pelas quais enxergaremos produtos, espaços e marcas nos próximos anos. Não é mais sobre adaptar o que existe, mas sobre redesenhar com propósito desde o início”, disse. Formada em moda e arquitetura, com atuação em comportamento de consumo, ela observa efeitos visíveis na linguagem visual contemporânea: novas cores, texturas e formas que reinterpretam ciclos naturais, deslocando a ideia de sustentabilidade de uma paleta “verde e bege” para uma estética mais ousada, orgânica e quase científica.

Porto Alegre como território-símbolo

A escolha de Porto Alegre também carregou simbolismo. Realizar o evento num estado que enfrenta um processo de reconstrução recente foi, para a organização, um gesto de compromisso com soluções locais de longo prazo. “Discutir regeneração aqui, agora, é mais do que pertinente. É provocar reflexão, fomentar conexões e incentivar respostas com visão de futuro“, afirmou Bragagnolo.

Rosane Fantinelli e Fatima Torri – Divulgação

A fundadora resumiu o espírito do encontro em tom de agradecimento e urgência: “Foi um dia longo, intenso e transformador. Vi os painéis se complementarem e as trocas acontecerem de forma verdadeira. A ‘Quebra da Bolha’ elevou o nível do debate e nos preparou para conversas ainda mais profundas. Saio com a certeza de que esse movimento está só começando — e de que ele é coletivo. Ver tanta gente comprometida com inovação, impacto e estética regenerativa foi o maior presente deste encontro.

Criada na Serra Gaúcha, a PGB Inteligência atua na interseção entre moda, arquitetura, varejo e pesquisa de tendências, oferecendo conteúdo, curadoria estética e estratégias de mercado. Em ascensão, a empresa se posiciona como referência nacional em inteligência criativa e produção de insights multidisciplinares.

Estamos abrindo espaço para um olhar mais realista e otimista sobre o futuro.” — Paula Bragagnolo, fundadora da PGB Inteligência.

Fonte: Amanda Ivanov – Imersão.cc
Ana Clara Reichert, Julia Luft e Caroline Dupont

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