Exposição “Entre Silêncios: Imagens da Guerra Farroupilha” ocupa foyer do Multipalco Eva Sopher

Com realização da Secretaria da Cultura (Sedac), por meio da Fundação Teatro São Pedro e do Museu de História Julio de Castilhos (MHJC), a exposição “Entre Silêncios: Imagens da Guerra Farroupilha” está instalada no foyer do Multipalco Eva Sopher, em Porto Alegre, até o 28 de setembro. Com curadoria da historiadora Doris Couto, a mostra apresenta um conjunto de obras que confronta a narrativa oficial da Revolução Farroupilha com as vozes silenciadas dos Lanceiros Negros, propondo novas formas de olhar para um dos episódios mais marcantes da história do Rio Grande do Sul. A abertura da exposição ocorreu nodia 2 de setembro com a presença da curadora Doris Couto, dos artistas Zé Darci e Gilmar Fraga e convidados. A visitação é gratuita e segue até o dia 28 de setembro, de terça a domingo, conforme o horário de funcionamento do Multipalco Eva Sopher, a partir das 12h.

A exposição reúne trabalhos de Guilherme Litran, Zé Darci e Gilmar Fraga, que, a partir de diferentes técnicas e épocas, evocam a Guerra Farroupilha sob perspectivas contrastantes e complementares. 

De um lado, a pintura “Carga de Cavalaria”, de Guilherme Litran, representa o heroísmo dos farrapos em estética clássica e composição equilibrada, reforçando o mito épico da Revolução Farroupilha que atravessou gerações por meio de símbolos e discursos oficiais. Em contraponto, a obra “Lanceiros Negros”, de Zé Darci, convoca o olhar para a dor, a resistência e o apagamento histórico. A pintura relembra o massacre de Porongos (1844), quando soldados negros escravizados e libertos, que haviam lutado ao lado dos farrapos, foram traídos e assassinados. Nesse gesto artístico, a arte se torna também política, abrindo espaço de visibilidade para os esquecidos da história. 

Parceria entre instituições

Segundo o presidente da Fundação Theatro São Pedro, Antonio Hohlfeldt, “com o fechamento do MHJC para reformas, aproveitamos o maravilhoso acervo da instituição para, com a curadoria de Doris Couto, marcar o transcurso da data maior da história do Rio Grande do Sul, trazendo uma reflexão crítica sobre o episódio. Esta parceria é tanto estética quanto histórica e permite ao visitante repensar os episódios do período entre 1835 e 1845”. Um fato curioso é que a obra de construção do prédio do Theatro São Pedro foi interrompida durante a guerra, sendo retomada apenas em 1850, com a conclusão apenas em 1858. 

Para a curadora Doris Couto, “a exposição é uma oportunidade de construir narrativas em dois tempos: séculos XIX e XXI, onde os personagens envolvidos mostram sua presença e força pelas mãos de artistas destas épocas, numa releitura histórica oportuna e necessária“. A esse diálogo soma-se a série de gravuras do artista Gilmar Fraga, que, com traços gráficos contemporâneos, ressignifica a memória dos Lanceiros Negros. As suas obras apresentam sujeitos históricos, dignos e resistentes, e não apenas como vítimas, estabelecendo pontes entre passado e presente. 

Ainda que compartilhem elementos visuais, como bandeiras, lanças e movimento, os artistas divergem radicalmente em sentidos e intenções: da exaltação heroica ao registro da dor, da narrativa oficial à memória silenciada. Esse confronto visual propõe ao visitante um exercício crítico — deslocando o olhar do centro glorificado para as margens ocultadas. 

Conforme a organização, “Entre Silêncios: Imagens da Guerra Farroupilha” propõe-se a ser mais do que uma exposição sobre a Guerra Farroupilha, mas também um convite à reflexão sobre como se escolhe narrar o passado e a quem se dá voz. 

Serviço: 

Exposição “Entre Silêncios: Imagens da Guerra Farroupilha”

Onde: Multipalco Eva Sopher (Praça Marechal Deodoro, s/nº, Centro Histórico, Porto Alegre) 

Visitação: De 2 a 28 de setembro, de terça a domingo, a partir das 12h

Entrada franca

Zé Darci (artista), Doris Couto (curadora) e Gilmar Fraga (artista)

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