Fundação Gerações seleciona novas organizações afetadas pela enchente

Praticamente só as quatro paredes de madeira do Instituto Camélia resistiram em pé após as águas do Guaíba arrastarem tudo para dentro da Ilha da Pintada em maio. A Organização da Sociedade Civil (OSC) que realiza um trabalho popular, ancorado nos direitos humanos e sociais a pessoas em situação de vulnerabilidade social desde 2020, é uma das cinco contempladas na primeira Chamada Pública Emergencial, promovida pela Fundação Gerações (FG), via Fundo Comunitário Porto de Todos (FCPT). Nesta semana, a FG lança a segunda seleção a fim continuar apoiando a reestruturação de organizações sociais de base comunitária diretamente atingidas pela enchente. O período de inscrições vai até 8 de setembro.  Orientações e inscrições neste link https://fundacaogeracoes.org.br/chamada-publica-emergencial-02-2024/

Inicialmente, tínhamos pensado em utilizar a verba para comprar notebook e impressora, mas, depois que a água baixou e nos deparamos com o estado da casa, vamos ter que priorizar a fiação e outros aspectos estruturais”, planeja a coordenadora-geral, Elisiane de Fátima Jahn. “A água chegou até quase as lâmpadas”, complementa a vice-coordenadora, Beatriz Gonçalves Pereira. Moradora da ilha desde o nascimento, há mais de 60 anos, todos a conhecem por Bia, e, em vez de liderança comunitária, ela prefere ser chamada de voluntária popular. Guerreira popular também poderia se aplicar a Bia, cuja casa, localizada nos fundos do Instituto Camélia, foi tomada pela água e pelo barro, a exemplo do que ocorreu com centenas de seus vizinhos. Muitos não voltaram mais, e as casas jazem, abandonadas e tomadas pela areia. 

No meio de toda a desolação, Bia recuperou o ânimo ao reencontrar a imagem de Iemanjá, que ocupa um lugar como se abençoasse quem chega ao Instituto Camélia. “Ela ficou praticamente intacta”, conta Bia, que, apesar de tudo, mantém a voz firme e um alentador sorriso no rosto.   

A exemplo do que ocorreu na primeira rodada, esta segunda também vai selecionar até cinco OSCs de Porto Alegre ou municípios da Região Metropolitana que tenham sido diretamente atingidas pela enchente. Os benefícios serão apoio técnico e aporte de R$ 20 mil de capital semente destinado a reformas e melhorias nas sedes. 

O FCPT foi lançado no final de 2023 a partir da experiência da FG no programa Transformando Territórios, iniciativa do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), financiada pela Charles Stewart Mott Foundation. É um instrumento para mobilização contínua de recursos e investimento em demandas estratégicas mapeadas de forma colaborativa pela FG, organizações sociais e lideranças comunitárias de Porto Alegre e Região Metropolitana.   

A primeira chamada ocorreu em maio com apoio da Eagle Burgmann, Instituto ACP, Instituto Helda Gerdau, Engie Energia, Movimento Bem Maior e pessoas físicas que realizaram doações ao Fundo. A meta da FG é mobilizar mais recursos para apoiar o desenvolvimento de mais OSCs em diferentes territórios de Porto Alegre e Região Metropolitana ao longo de três anos.  “O modelo do FCPT é uma opção de investimento social para empresas e cidadãos que acreditam na potência de ações coletivas na busca por impacto social local”, afirma a ccoordenadora-geral da FG, Karine Ruy. Empresas interessadas em apoiar podem se conectar com a FG a partir do link  https://fundacaogeracoes.org.br/

OSCs da primeira Chamada da Linha Emergencial do FCPT

Ação Comunitária Participativa / Acompar (Sarandi, Porto Alegre) – Dedica-se à educação e assistência social na comunidade de Santa Rosa de Lima, na zona norte de Porto Alegre. Atuante há 57 anos, tem entre as atividades desenvolvidas o Serviço de Abordagem Social (indivíduos e famílias em situação de rua ou trabalho infantil), com 700 pessoas atendidas. 

Ação Social de Fé (Sarandi, Porto Alegre) – Fundada em 2003 com o propósito de desenvolver projetos sociais voltados para pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social. Mantém os programas Casa Lar e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). 

Associação Grupo Chimarrão da Amizade (Mathias Velho, Canoas) – Tem o objetivo de promover a inclusão social das pessoas com deficiência intelectual, transtorno do desenvolvimento e dificuldade de aprendizagem, bem como suas famílias, buscando proporcionar a qualidade de vida e inclusão social. Atua desde 1981. 

Associação dos Deficientes Visuais de Canoas – ADEVIC (Mathias Velho, Canoas) – Desde 1996, procura promover a inclusão das pessoas com deficiência por meio de atividades educacionais, habilitação e reabilitação, socialização e profissionalização, visando à formação integral, o protagonismo e o exercício da cidadania. 

Instituto Camélia (Arquipélago, Porto Alegre) – A partir de momentos de estudo e da vivência prática e concreta de experiências de geração de trabalho e renda realiza um trabalho popular. 

Fonte: Core Comunicação
Foto da fachada do Instituto Camélia
Crédito: Studio Feijão & Lentilha

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