Nova exposição da artista Camila Proto propõe uma escuta das vozes da Terra
No dia 1º de julho (sábado), o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) inaugura a exposição TERRALÍNGUA, da artista Camila Proto. Com curadoria de Diego Hasse, a mostra, que integra o programa público Poéticas do Agora, apresenta especulações sobre a composição da linguagem e do planeta.
As seis obras comentam sobre os tropeços da língua na terra, e da terra na língua, através de uma poética interdisciplinar que dobra arte e ciência, realidade e ficção, rastro e arranjo, escritura e formação. Por uma escuta mais implicada do mundo, a artista convoca o público à pergunta “e se?”. E se esta exposição fosse o começo de uma conversa entre vozes que ainda não tiveram a chance de ressoar?
“É possível conhecer o mundo a partir do som? Como enunciar e ouvir um mundo que, ao mesmo tempo em que se destrói, está a todo o momento se (re)inventando? Partindo dessas questões norteadoras, Terralíngua apresenta os desdobramentos da pesquisa poética de Camila Proto. A artista explora as potencialidades da linguagem, da imagem e do som, bem como os diálogos transdisicplinares entre arte e ciência. De tais relações, eclodem trabalhos materializados em diferentes mídias e suportes“, escreve Hasse no texto curatorial, que ressalta, ainda, as relações afetivas no trabalho da artista.
“Entre tantos atravessamentos e incógnitas que fornecem seus percursos de vida por expedições científicas, no colo da mãe paleontóloga, e interesse musical na cacunda do pai arquiteto, destaca-se o tensionamento das fronteiras usualmente determinadas entre verdade e ficção.”
“Camila Proto realizou uma espécie de expedição para pesquisar microerosões não-humanas e fantásticas; fez uma misteriosa ilha sonora surgir no lago Guaíba; viajou pelo corpo humano captando os sons de suas cavidades; com a utilização de um fonógrafo, revelou os segredos guardados em sua coleção de conchas e rochas; transformou relevos em melodias, linhas de texto, e vice-versa. Ao assumir uma outra postura diante da verdade e conectar questões transdisciplinares e ficcionais, a artista nos faz duvidar de nosso próprio pensamento”, destaca o curador.
Aos 26 anos, Camila é doutoranda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dentre sua participação em exposições, destacam-se o Prêmio de Arte Contemporânea da Aliança Francesa (2019 e 2020, Porto Alegre), o 10º Festival Novas Frequências (2020, Rio de Janeiro), a Exposição Internacional “ComCiência” (2019, Belo Horizonte), o I Circuito Latino-americano de Arte Contemporânea (2021, Porto Alegre) e a exposição Abre-Alas 18, na Galeria A Gentil Carioca (2022, Rio de Janeiro). Foi indicada ao XIII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2020, Porto Alegre), na categoria “Artista em Início de Carreira”.
Curador, pesquisador e crítico de arte, Diego Hasse é doutorando e mestre em História, Teoria e Crítica da Arte (PPGAV/UFRGS) e membro do Grupo de Pesquisa CNPq “Arte em trânsito: viagens, derivas, deslocamentos”. Seus interesses de pesquisa dialogam com as dimensões críticas da relação entre arte, natureza e paisagem. Integrou o Comitê Curatorial da Galeria Ecarta (2020-2021) e realizou várias curadorias, entre as elas “Salta d’água: dimensões críticas da paisagem” (2017), na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo (Porto Alegre), que recebeu Destaque em Exposição Coletiva do Prêmio Açorianos, em 2018.
SERVIÇO
Exposição TERRALÍNGUA
Artista: Camila Proto
Curadoria: Diego Hasse
Onde: Salas Negras do Margs (Praça da Alfândega, s/n°- Centro Histórico)
Visitação: 1º de julho a 8 de outubro
Horário: terça a domingo, das 10h às 19h
Entrada gratuita
Fonte: Roberta Amaral | Jornalista