No mês de conscientização da psoríase, estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a ser celebrado mundialmente em 29 de outubro, pacientes do Brasil, este ano, têm algo à comemorar. Depois de dez anos em que a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Associação Nacional de Pacientes com Psoríase, Psoríase Brasil, lutaram pela atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), em setembro foi aprovada a inclusão das terapias biológicas àqueles pacientes com psoríase moderada à grave cujos tratamentos convencionais não trazem resultados.

A aprovação do novo tratamento com medicamentos biológicos (adalimumabe, secuquinumabe, ustequinumabe e etanercepte) foi publicada em 06 de setembro de 2019, como Portaria Conjunta nº 10, que regulará a rede conveniada do Sistema Único de Saúde (SUS) – http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-conjunta-n-10-de-6-de-setembro-de-2019-215565462 -. As terapias biológicas são fármacos produzidos a partir de organismos vivos que, ao serem utilizados, miram diretamente nas moléculas inflamatórias que disparam a enfermidade.

Conforme lembra o médico Leandro Leite, redator do PCDT da Psoríase junto ao Ministério da Saúde, as pessoas têm que ter consciência que ela é uma doença negligenciada, que causa grande sofrimento e pode levar à morte. “A psoríase não é uma doença só da pele, ela é sistêmica, inflamatória, autoimune e crônica. A defesa atinge o próprio indivíduo, além de se manifestar na pele, ela atinge as articulações e traz outras comorbidades, a ponto de ser incapacitante e mortal. O paciente com psoríase grave tem expectativa de vida menor do que a população em geral, ele morre antes”, destaca o especialista. A aprovação das novas terapias representa um avanço à vida destas pessoas. “O impacto na qualidade de vida é gigantesco, a psoríase é equivalente ao câncer e as cardiopatias. Quando a psoríase é tratada adequadamente pode haver uma mudança na vida do paciente”, explica o dermatologista.

Embora aprovada, a oferta dos medicamentos depende da disponibilidade dos mesmos pelo SUS e pelos planos privados de saúde. O diagnóstico correto no atendimento primário é outro obstáculo enfrentado pelos pacientes. Conforme lembra a presidente da Psoríase Brasil, Gládis Lima, a OMS destaca que o diagnóstico célere e a disponibilidade de tratamento pela rede de saúde são fundamentais para combater esta doença que pode ser considerada prevalente, uma vez que atinge cerca de 2% da população mundial. “Eu represento estes pacientes e são necessárias políticas públicas para que estas pessoas tenham acesso ao dermatologista e aos tratamentos. Além disso, há a questão do preconceito e do desconhecimento da doença. Por isso, trabalhamos com campanhas de conscientização e pela busca de políticas públicas”, comenta Gládis Lima que advoga pela causa há 20 anos.

 

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