A tecnologia ganhou espaço central no Simpósio de Doação de Órgãos do Rio Grande do Sul, realizado no auditório do Regional de Medicina do RS – CREMERS, em Porto Alegre, na última terça, 23/09. Entre os destaques, a Paipe, empresa referência em soluções de tecnologia e inteligência artificial, apresentou o GEDOTT, sistema informatizado desenvolvido em parceria com a Central de Transplantes do RS (CET/RS) que integra, padroniza e dá rastreabilidade a etapas antes fragmentadas do processo de doação e transplantes no estado.

No painel, o CCO da Paipe, Rogério Nath Corrêa, explicou como a digitalização foi pensada para o dia a dia das equipes, do leito ao centro cirúrgico. “É uma plataforma que precisa funcionar também no celular, para quem está ao lado do paciente conseguir registrar, consultar e decidir com praticidade e segurança“, afirmou. Segundo ele, o objetivo foi substituir um cenário “muito manual, muito analógico” por um fluxo único e automatizado. “O bate-e-volta é automático, a notificação entra e o sistema direciona as tarefas para cada responsável, sem depender de e-mail ou de alguém ‘abrir a caixa’ na madrugada”, completou.

O coordenador da CET/RS, Dr. Rogério Caruso, ressaltou o impacto prático da mudança. “A digitalização do fluxo traz rastreabilidade e agilidade, em um processo tão sensível, cada minuto conta. Quando tudo está integrado, a chance de erro diminui e a tomada de decisão fica mais rápida e transparente”, disse.

Sete anos entre desenho e implantação

A concepção do GEDOTT começou em 2016, com iniciativas de digitalização de protocolos, e avançou após o processo licitatório concluído em 2021. A partir daí, a Paipe desenvolveu a plataforma em sprints com a equipe da CET/RS, testando módulos e ajustando rotinas conforme a prática. Hoje, o sistema está em uso na região metropolitana de Porto Alegre e em partes das coordenadorias 1 e 2, com ampliação prevista para todo o estado.

“Não encaramos esse projeto pela ótica exclusiva da lucratividade, e sim como oportunidade de colocar a tecnologia a serviço da vida“, afirmou Corrêa. “É um caso emblemático de como inovação bem aplicada aumenta a eficiência e dá segurança aos times, especialmente quando o setor público e o privado constroem juntos.”

Como funciona?

O GEDOTT é uma plataforma web responsiva que centraliza notificações, consolida documentos e exames, padroniza checagens e automatiza comunicações entre hospitais, equipes de captação e a central. Com isso, etapas antes feitas por papel, fax ou e-mail passam a acontecer em um ambiente único, com registro de cada ação e histórico auditável.

Entre os diferenciais, o sistema foi desenhado para incorporar recursos de inteligência artificial — como agentes capazes de recuperar, sob comando de texto, informações críticas de um caso (exames, histórico, pendências). “A IA será o ‘estagiário tecnológico’ do profissional, eliminando tarefas maçantes e acelerando o que importa, sem substituir a decisão humana”, disse Corrêa.

Indicadores e próximos passos

Dados apresentados no simpósio mostram o potencial de ganho de eficiência numa área em que, historicamente, apenas uma parcela dos órgãos notificados é efetivamente aproveitada. A expectativa da Paipe e da CET/RS é que a padronização de rotinas, a redução de retrabalho e a rapidez na circulação de informações confiáveis contribuam para elevar taxas de aproveitamento e reduzir perdas.

No curto prazo, a prioridade é consolidar o uso nos locais já implantados e expandir a cobertura. Em paralelo, estão no roteiro novos módulos voltados ao acompanhamento do paciente transplantado, com lembretes de medicação e integração a farmácias de alto custo.

Para o Dr. Caruso, o caminho é contínuo. “Tecnologia sozinha não resolve; ela potencializa equipes e processos. O que estamos vendo é um passo necessário para dar previsibilidade ao sistema, aumentar a transparência e, no fim, criar melhores condições para salvar vidas.“, completa.

Corrêa resume o espírito do projeto: “Quando a informação correta chega na hora certa, o cuidado acontece. É isso que o GEDOTT se propõe a viabilizar, na prática.”

Fonte: imersao.cc 
Rogério Caruso e Rogério Nath Corrêa – Divulgação