Porto Alegre recebe masterclass sobre a importância do cateter hidrofílico para a saúde pública
Porto Alegre recebeu a masterclass “Excelência na estruturação de programas de atendimento a usuários de cateterismo intermitente limpo” que abordou a dispensação de cateteres hidrofílicos pelo SUS. O evento, realizado pela Coloplast, líder mundial em soluções para pessoas com necessidades íntimas de saúde, contou com representantes de oito municípios gaúchos. Além dos porto-alegrenses, participaram equipes de Caxias do Sul, Canoas, Cachoeirinha, Campo Bom, São Leopoldo, Santa Maria e Gramado, que puderam tirar dúvidas e ampliar seus conhecimentos a respeito do dispositivo e seu impacto na saúde pública.
“O cateter com revestimento hidrofílico aumenta a qualidade de vida dos pacientes que têm necessidade do esvaziamento da bexiga via cateterismo intermitente, porque oferece segurança e conforto ao usuário. Está comprovado que o cateter hidrofílico reduz o risco de infecções do trato urinário, traumas e complicações recorrentes quando comparado ao cateter convencional, de PVC“, explica Rogério de Fraga, médico urologista, professor titular da UFPR e Med PUC-PR, que foi um dos palestrantes do evento.
Além do especialista, o encontro contou com a participação de Juliana Nóbrega, representante de vendas da Coloplast no Rio Grande do Sul e da enfermeira Daniele Swaizer Galgaro, diretora da Atenção Básica da Secretaria de Saúde de Gramado. O município foi um dos pioneiros no país a adotar os cateteres hidrofílicos e seu programa é considerado um dos mais bem-sucedidos. “Começamos o programa de dispensação do dispositivo em 2022 com o objetivo de aprimorar a jornada do paciente com necessidade de cateterismo vesical intermitente“, afirma Daniele.
Segundo a enfermeira, atualmente a cidade disponibiliza o cateter hidrofílico para nove pacientes, que atendem critérios como dor ou desconforto persistente com o cateter convencional, sangramento recorrente durante o procedimento, resistência na passagem do cateter, infecção do trato urinário de repetição, mesmo com técnica correta e necessidade do auxílio de mais de um cuidador. “A implementação do protocolo gera resultados em duas frentes principais: para o paciente, já que reduz a incidência de infecções urinárias e complicações mais graves, além de aumentar a qualidade de vida, o conforto e a autonomia; e para a gestão municipal, com padronização e segurança em toda a rede, uso racional de recursos com economia a longo prazo e fortalecimento da UBS como coordenadora do cuidado“, esclarece.
O sucesso do tratamento depende da execução correta do dispositivo. Por isso, Daniele ressalta que é importante que a cidade tenha um processo minuciosamente detalhado. “Temos um protocolo que estabelece que a equipe da UBS será a responsável por ensinar a técnica de autocateterismo para o paciente ou familiar/cuidador. Além disso, a empresa fornecedora do catéter hidrofílico, no nosso caso a Coloplast, oferece suporte com equipe de apoio do programa de educação ao paciente. Essa parceria sólida é importante para manter a qualidade no atendimento e a segurança para o usuário”, diz.
Para Lisiane Ribeiro Bischoff, enfermeira estomaterapeuta gestora do serviço de Programa de Assistência Complementar em Canoas, o evento reforçou a necessidade de disponibilização do cateter hidrofílico na cidade. “Através do projeto de implantação do serviço de incontinência, pretendemos iniciar em breve o atendimento aos pacientes com diagnóstico de disfunção neurogênica da bexiga, prestando toda assistência necessária”.
Já Leonardo Rodrigues, enfermeiro técnico que atua na Atenção Primária da Saúde na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, afirma que o cateter hidrofílico é um dispositivo bem estabelecido, respaldado pela Conitec, com benefícios para os pacientes. “Nós já temos pleno conhecimento a respeito do produto e agora estamos estudando a inserção na cidade, a partir da definição dos critérios para eleger os usuários que estarão aptos a recebê-lo. A masterclass foi ótima e ampliou ainda mais nossa percepção sobre os cateteres hidrofílicos”, ressalta.
Para o município que deseja se ter um modelo bem-sucedido de programa de disponibilização do cateter com revestimento hidrofílico pelo SUS, como Gramado, Daniele deixa alguns conselhos: “É importante investir em protocolos e definir papéis e responsabilidades, pois ajuda a garantir a continuidade do cuidado, mesmo com rotatividade de profissionais. Além disso, é crucial determinar critérios claros para a sustentabilidade financeira, então, comecem com o básico e expandam conforme a capacidade orçamentária. Por fim, capacitar as equipes para serem excelentes educadores, pois paciente bem orientado é o maior aliado do tratamento”, conclui.
Sobre cateterismo intermitente limpo
Mais de 350 mil brasileiros possuem retenção urinária e de cada 10 pessoas com lesão de medula que recebe alta hospitalar, quatro têm indicação para a realização do cateterismo intermitente limpo (CIL). O cateterismo intermitente é a forma de esvaziar a bexiga quando alguma condição clínica impede que isso aconteça espontaneamente da maneira adequada (retenção urinária).
Segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Urologia, a técnica do cateterismo intermitente limpo (CIL) é considerada atualmente como o padrão ouro em cuidado da retenção urinária porque utiliza materiais não-estéreis, exigindo apenas a limpeza das mãos e da região genital, portanto, podendo ser realizada também fora do ambiente hospitalar. Esta técnica consiste em introduzir um cateter no canal da uretra que irá drenar a urina contida na bexiga para o vaso sanitário ou um recipiente externo (bolsa coletora), que posteriormente é descartado. Os cateteres hidrofílicos são os mais recomendáveis para usuários que necessitam realizar o cateterismo intermitente porque permitem a remoção da “urina residual” evitando multiplicação de bactérias e infecções urinárias recorrentes. Além disso, comparado aos cateteres de permanência, o CIL reduz pela metade a ocorrência de infecções urinárias.
Estudo realizado com 130 paratletas cadeirantes do Brasil, Canadá, EUA, Chile, Colômbia e Japão, revelou que 84% deles realizam o cateterismo intermitente com cateter convencional. Destes, 84 tiveram alguma complicação ao longo de um ano, como lesões uretrais e infecção urinária. Cateteres hidrofílicos melhoram a qualidade de vida dos paratletas, reduzindo lesões uretrais, sangramentos e infecções urinárias recorrentes.
Fonte: Ketchum
Masterclass em Porto Alegre / Divulgação Coloplast
