Jornal da Capital

A 2ª edição do Dia Municipal do Candombe ocorrerá no próximo domingo, 03 de dezembro, na Rua João Alfredo, em Porto Alegre. A partir das 18h, os grupos Tambor Tambora e La Brasa Lunera, coorganizadoras do evento, estarão concentradas no Largo Zumbi dos Palmares e sairão em “llamada” a partir das 19h, até a esquina da Rua Lopo Gonçalves.

O evento que, desde 2022, integra o calendário oficial de Porto Alegre corresponde ao “Día Nacional del Candombe, la Cultura Afrouruguaya y la Equidad Racial” no país vizinho, celebrado há 17 anos. A data é alusiva a 03/12/1978, quando famílias negras uruguaias, diante do despejo de suas moradias no Conventillo Mediomundo (Montevidéu) organizaram espontaneamente um último toque de tambores naquele local, condenado à demolição dentro do contexto de higienização social urbana praticada pelas autoridades da Ditadura Militar.

O candombe é uma cultura nascida entre a população negra do Uruguai a partir da interação das nações bantu no contexto da escravidão, há mais de 200 anos. Envolve dança, representação de personagens característicos e, sobretudo, música feita a partir de tambores, os quais eram originalmente construídos com restos de barris do porto de Montevidéu. Atualmente, são construídos por diversos artesãos do país vizinho. Os grupos, chamados “Comparsas”, desfilam pelas ruas utilizando em suas baterias grupos de três tambores diferentes: chico (o mais agudo), repique (intermediário) e piano (grave) cuja sobreposição rítmica conforma a música.

Tambor Tambora é um coletivo criado em 2019 em Porto Alegre/RS, a partir da experiência do candombe uruguaio contemporâneo, com o objetivo de divulgar a referida cultura a partir do território do Rio Grande do Sul, sobretudo na Capital. O nome homenageia a canção homônima de Jorginho Gularte, uruguaio nascido em Porto Alegre, filho de Marta Gularte, uma das maiores figuras da história do candombe montevideano. Já as cores vermelho, branco e azul, referenciam a bandeira da Liga de los Pueblos Libres (1815-1820), confederação de províncias platinas que abarcava boa parte do território fronteiriço do atual Rio Grande do Sul.

Após iniciar um projeto de estudo e aprendizado coletivo em fevereiro de 2020 no Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo (bairro Cristal), a Tambor Tambora, passado o período agudo da pandemia, passou a promover seus toques abertos e regulares nas noites de quarta-feira, nas imediações da Ponte de Pedra, onde o grupo foi fundado. Ademais, é um dos grupos organizadores da 1ª Llamada do Dia Municipal do Candombe (2022), tendo também participado do 3º Festival Cabobu – A Festa dos Tambores (2023), em Pelotas.

La Brasa Lunera é um grupo de candombe formado por multiartistas de diversas nacionalidades, entre elas, uruguaios, colombianos e brasileiros, que se reúnem há cerca de 2 anos nas praças de Porto Alegre desenvolvendo seu toques, estudos e pesquisa sobre o Candombe, manifestação afro-uruguaia. Atualmente desenvolve seus estudos no toque madre Cuareim do bairro sul de Montevidéu.

Fonte: Simone Lersch – Assessora de Comunicação