Divórcios na pandemia: filhos são os mais afetados
A advogada Sáloa Neme da Silva, especialista em Direito de Família, tem observado um preocupante comportamento nas relações familiares: o forte crescimento no movimento de homens e mulheres em busca de informações sobre separação e/ou divórcio neste último ano. “Nossa área está com um volume intenso de consultas”, afirma Sáloa, destacando que a constatação vem ao encontro de dados divulgados pelo Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal que representa os 9.778 cartórios de notas do país – que apontou um crescimento de 26,9% de divórcios extrajudiciais de janeiro a maio de 2021. O Rio Grande do Sul está em quarto lugar – tendo registrado no período 2.331 processos extrajudiciais contra 5.866 em todo 2020. O ranking é formado por SP, Pr, MG, RS e RJ.
Com este crescimento no número de separações, a advogada aponta para a possibilidade de estarmos caminhando para um problema geracional. Ela argumenta que o convívio integral dentro de casa e o desgaste emocional causado pela pandemia, tem levado muitos casais a desentendimentos. E a criança é quem mais sofre. “Ela – a criança – está praticamente vivendo toda sua infância dentro de novos parâmetros, estudando em casa, precisando do auxílio dos pais que, muitas vezes, empurram para o outro, o que leva essa criança a sentir-se um empecilho”. Na opinião da especialista uma situação muito séria para a saúde emocional da criança que desenvolve um sentimento de culpa pelo desacerto dos pais. “Enfim, temos que procurar a melhor e menos agressiva forma de chegar ao divórcio, porque as sequelas podem ser irreversíveis para nossos filhos, finaliza a especialista.